AJUIZEI: INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E O REDESENHO DO ACESSO À JUSTIÇA NOS JUIZADOS ESPECIAIS
DOI:
https://doi.org/10.62248/mngjcm68Palavras-chave:
inteligência artificial; linguagem simples; acesso à justiça; inovação; juizados especiais.Resumo
O artigo examina o desenvolvimento e a implementação do Ajuizei, sistema de inteligência artificial generativa voltado à autuação de processos de até vinte salários mínimos nos Juizados Especiais Cíveis. A pesquisa parte do descompasso entre o desenho legal e a prática cotidiana, destacando as barreiras técnico-linguísticas enfrentadas por pessoas não assistidas por advogados. Metodologicamente, adota abordagem qualitativa e descritiva, com base em análise bibliográfica, documental e em observação participante. O estudo descreve a evolução do protótipo inicial, dependente de um modelo de linguagem de grande porte (LLM), para uma arquitetura modular e multiagente, incorporando interface conversacional, validação de dados, reconhecimento óptico de caracteres (OCR) e salvaguardas de segurança e privacidade. Os resultados indicam que soluções centradas no usuário, que combinam linguagem simples e inteligência artificial responsável, fortalecem os princípios dos Juizados — simplicidade, celeridade e informalidade —, reduzem o retrabalho, aumentam a inteligibilidade dos pedidos e ampliam o acesso efetivo e humanizado à justiça.
Referências
BRASIL. Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995. Dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais e dá outras providências. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, 27 set. 1995. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9099.htm. Acesso em: 09 nov. 2025.
BROWN, Tim. Design Thinking: uma metodologia poderosa para decretar o fim das velhas ideias. Rio de Janeiro: Alta Books, 2020.
DE MORAES, Beatriz Fruet. O juiz de direito e as causas nos juizados especiais cíveis em que a parte litiga sem a assistência de advogado. Curitiba: Revista Judiciária, 2021. p. 209-230, 2021.
FERREIRA, Anderson; NARDOCCI, Izilda Maria; BRILHANTE, Iasmim Cristina Rodrigues. Direito, linguagem e poder: o juridiquês como arame farpado do acesso à justiça. Estudos em Direito e Realidade, v. 3, p. 1-18, 2023.
FRY, Tony. Defuturing: a new design philosophy. London; New York: Bloomsbury Visual Arts, 2020.
HAAPIO, Helena; TOIVONEN, Nina; KETOLA, Anne. From gibberish to clarity: combining plain language and legal design for better communication and greater impact. The Clarity Journal, n. 89, p. 6–10, 2024.
MÜNCH, Luciane Amaral Corrêa; FERRAZ, Taís Schilling. Exploring defuturing to design artificial-intelligence artifacts: a systemic-design approach to tackle litigiousness in the Brazilian judiciary. Laws, Basel, v. 13, n. 1, p. 1–13, 2024. Disponível em: https://doi.org/10.3390/laws13010004. Acesso em: 20 maio 2025.
OECD. Oslo Manual: guidelines for collecting, reporting and using data on innovation. 4th ed. Paris: OECD Publishing, 2018. Disponível em: https://www.gov.br/agu/pt-
br/composicao/cgu/cgu/modelos/cti/consulta/manual-de-oslo-ocde-4a-edicao-2018.pdf/view. Acesso em: 7 nov. 2025.
PARANÁ. Tribunal de Justiça do Estado do Paraná. 2ª Vice-Presidência. Conselho de Supervisão dos Juizados Especiais. Portaria nº 4622/2024 – CSJEs. Dispõe sobre o procedimento para recebimento de peticionamento processual virtual pelas partes que não estejam assistidas por advogados ou advogadas, no âmbito dos Juizados Especiais do Estado do Paraná e dá outras providências.Curitiba: Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, 2024. Disponível em: https://portal.tjpr.jus.br/e-dj/publico/carregarDocumento.do?tjpr.url.crypto=8a6c53f8698c7ff760a943e5f78e4955549b94d0e63466658a221c700814ffe2607a92ccf4be1b69e9dd0b0b975d50f7. Acesso em: 09 nov. 2025.
TIDD, Joe; BESSANT, John. Gestão da inovação. Porto Alegre: Bookman, 2015.
ZANONI, Luciana Ortiz Tavares Costa. Direitos humanos e inovação no setor público: sincronismos para um pacto global de igualdade e solidariedade. In: LUNARDI, Fabrício Castagna;
CLEMENTINO, Marco Bruno Miranda (coord.). Inovação judicial: fundamentos e práticas para uma jurisdição de alto impacto. Brasília: Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados – Enfam, 2021. p. 315–330.
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Camila Henning Salmoria, Ana Beatriz Kindinger, Matheus Zalamena Souza (Autor)

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.









