ANALFABETISMO JURÍDICO COMO FATOR DE VULNERABILIDADE PENAL
DOI:
https://doi.org/10.62248/z9jr0z23Palavras-chave:
analfabetismo jurídico; vulnerabilidade penal; criminalização da pobreza; aporofobia; seletividade penal;analfabetismo jurídico; vulnerabilidade penal; criminalização da pobreza; aporofobia; seletividade penal;Resumo
O presente artigo analisa o analfabetismo jurídico como um dos principais fatores de vulnerabilidade penal e sua relação direta com a criminalização da pobreza no Brasil. Partindo de uma perspectiva constitucional, penal e sociológica, o estudo demonstra que o desconhecimento jurídico impede indivíduos pobres, negros e periféricos de compreenderem seus direitos e de acessarem de forma efetiva o sistema de justiça, ampliando desigualdades já consolidadas. A pesquisa evidencia que a seletividade penal, o racismo estrutural, a aporofobia e os estigmas territoriais se articulam na construção de um modelo punitivo que recai prioritariamente sobre jovens negros, mulheres vulnerabilizadas e moradores de periferias urbanas. A partir de revisão bibliográfica qualitativa, são discutidos os limites e desafios do Estado na garantia dos direitos fundamentais, o papel estratégico da Defensoria Pública e o potencial emancipatório da educação jurídica popular como instrumento de fortalecimento da autonomia cidadã. Conclui-se que combater o analfabetismo jurídico e a criminalização da pobreza exige políticas públicas intersetoriais, educação emancipatória, fortalecimento institucional e enfrentamento ao racismo estrutural, de modo a promover acesso igualitário à justiça e reduzir a violência institucional que afeta de forma desproporcional as populações vulnerabilizadas.
Referências
ALMEIDA, Silvio. Racismo estrutural. São Paulo: Pólen, 2020.
ATLAS DA VIOLÊNCIA. Atlas da Violência 2023. Rio de Janeiro: IPEA; Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 2023.
BARATTA, Alessandro. Criminologia crítica e crítica do direito penal. 6. ed. Rio de Janeiro: Revan, 2011.
BARROSO, Luís Roberto. Curso de direito constitucional contemporâneo: os conceitos fundamentais e a construção do novo modelo. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2021.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília: Senado Federal, 1988.
BRASIL. Departamento Penitenciário Nacional. Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias – INFOPEN 2023. Brasília: Ministério da Justiça e Segurança Pública, 2023.
BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos. A construção política do Brasil: sociedade, economia e Estado desde a Independência. 3. ed. São Paulo: Editora 34, 2016.
CANO, Ignacio. Atuação policial, letalidade e guerra às drogas no Brasil. Rio de Janeiro: UERJ/LABOR, 2019.
CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Bryant. Acesso à justiça. Porto Alegre: Fabris, 1988.
CNJ – Conselho Nacional de Justiça. Programa Justiça em Números em Linguagem Simples. Brasília: CNJ, 2021.
CORTINA, Adela. Aporofobia: a aversão ao pobre. São Paulo: Paulus, 2017.
DEPEN – Departamento Penitenciário Nacional. Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias – INFOPEN 2023. Brasília: Ministério da Justiça e Segurança Pública, 2023.
FBSP – Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2023. São Paulo: FBSP, 2023.
FERRAJOLI, Luigi. Direitos e garantias fundamentais: a teoria do garantismo penal. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 25. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1974.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Síntese de Indicadores Sociais 2022. Rio de Janeiro: IBGE, 2022.
IDDD – Instituto de Defesa do Direito de Defesa. Racismo estrutural no sistema de justiça criminal. São Paulo: IDDD, 2020.
IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Desigualdades raciais e segurança pública no Brasil. Brasília: IPEA, 2022.
JESUS, Maria Gorete Marques de. Prisões e desigualdades raciais no Brasil. São Paulo: USP, 2020.
LIMA, Thais. Defensoria Pública e o acesso à justiça. São Paulo: Saraiva, 2020.
LOPES JR., Aury. Direito processual penal. 18. ed. São Paulo: Saraiva, 2020.MYRDAL, Gunnar. An American Dilemma: The Negro Problem and Modern Democracy. New York: Harper & Row, 1968. (mantida apenas uma vez — repetida em sua lista)
PROJETO PROMOTORAS LEGAIS POPULARES. Promotoras Legais Populares: formação em direitos humanos para mulheres. São Paulo: Themis/UNIFEM, várias edições.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Para uma revolução democrática da justiça. São Paulo: Cortez, 2010.
SOUZA, Celina. Políticas públicas: uma revisão da literatura. Sociologias, Porto Alegre, v. 8, n. 16, p. 20–45, 2006.
WACQUANT, Loïc. As prisões da miséria. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Fábio Santos , Marianna Camargo Mattoso (Autor)

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.









