RECONHECIMENTO FACIAL E INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL: LIMITES REGULATÓRIOS ENTRE BRASIL E REINO UNIDO
DOI:
https://doi.org/10.62248/0rvttg91Palavras-chave:
Direito Processual Penal – Teoria Crítica – Reconhecimento Facial - Inteligência ArtificialResumo
O artigo analisa criticamente o uso de tecnologias de reconhecimento facial no Brasil e no Reino Unido, com foco na regulação e nos impactos sobre direitos fundamentais. O objetivo é comparar os marcos legais, práticas institucionais e modelos de controle dessas tecnologias em ambos os países. Utilizando método genealógico-crítico, aliado à pesquisa documental e ao estudo comparado, a investigação evidencia que, enquanto o Reino Unido dispõe de diretrizes regulatórias mais consolidadas, o Brasil apresenta um cenário fragmentado e desregulado, com ampla atuação privada e ausência de transparência. Conclui-se, portanto, que a pulverização da vigilância e a tecnopolítica do risco impõem desafios urgentes à proteção de direitos civis.
Referências
ALMEIDA, Eduarda Costa. Os grandes irmãos: o uso de tecnologias de reconhecimento facial para persecução penal. In: Revista Brasileira de Segurança Pública, São Paulo, v. 16, n. 2, 2022, p. 264-283.
AMARAL. Augusto Jobim do; DIAS, Felipe da Veiga. Tecnopolítica criminal. 1ª Ed., São Paulo: Tirant lo Blanc, 2024.
AUGUSTO, Acácio et al. O legado securitário após 10 anos da Copa do Mundo FIFA no Brasil. Boletim (Anti)Segurança, n. 36, LASINTEC, p. 2-8.
BLEDSOE, W.W. Letter from Woody Bledsow to Dr. Samuel Koslov regarding facial recognition to determine racial and environmental backgrounds. The University of Texas History. Briscoe Center for American History. Palo Alto, CA, 1965.
BRASIL. Ministério da Fazenda. Coordenação-Geral de TI da Receita Federal. Relatório de experiência. Projeto IRIS – Reconhecimento Facial de Viajantes. Disponível em http://repositorio.enap.gov.br/handle/1/4132. Acesso em Acesso em 21/04/2025.
BRASIL. Lei n. 13.709, de 14 de agosto de 2018. Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 15.08.2018.
BRASIL. Ministério da Justiça. Portaria n. 793, de 24 de outubro de 2019. Regulamenta o incentivo financeiro das ações do Eixo de Enfrentamento à Criminalidade Violenta, no âmbito da Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social e do Sistema Único de Segurança Pública, com recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública, previstos no inciso I do art. 7º da Lei n. 13.756, de 12 de dezembro de 2018. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 25.10.2019.
BRATTON, Benjamin. The stack: On Software and Sovereignty. Cambridge: MIT Press, 2015.
BRUNO, Fernanda. Máquinas de ver, modos de ser: vigilância, tecnologia e subjetividade. Porto Alegre, Sulina, 2013.
CHRISTIE, Nils. A indústria do controle do crime: a caminho dos Gulags em estilo ocidental. Trad.: Luis Leiria. Rio de Janeiro: Editora Forense, 1998.
DAMASKA, Mirjan R.. The faces of Jsutice and State Authority: a comparative aproach to the legal process. New Haven: Yale University Press: 1991.
ELESBÃO, Ana Clara S.; DOS SANTOS; Jádia L. T.; MEDINA, Roberta da S. Quando as Máscaras (do reconhecimento facial) caírem, será um grande carnaval. In: Algoritarismos. Org.: Jesús Sabariego, Augusto Jobim do Amaral e Eduardo Baldissera Carvalho Salles. 1ª Ed., São Paulo: Tirant lo Blanch, 2020, p. 247-259.
ENGLAND. R(Bridges) vs. South Wales Police. Case No: C1/2019/2670. Court of Appel (Civil Division). Royal Courts of Justice. 11.aug.2020. Disponível em: https://www.judiciary.uk/wp-content/uploads/2020/08/R-Bridges-v-CC-South-Wales-ors-Judgment.pdf. Acesso: 21/03/2025.
EUROPEAN UNION. Regulation (EU) 2016/679 of the European Parliament and of the Council on the protection of natural persons with regard to the processing of personal data and on the free movement of such data, and repealing Directive 95/46/EC. Official Journal of the European Union. L 119/1. 4.5.2016.
FERREIRA, Ana Gabriela; AMARAL, Augusto Jobim do. Solucionismo Tecnológico na Segurança Pública Brasileira: o caso do reconhecimento facial na Bahia. In: SARLET at. al. (orgs.). Tecnologia e Antidiscriminação. Londrina: Thoth, 2024, pp. 45-58.
FUSSEY, Pete; MURRAY, Daragh. Independent report on the London Metropolitan Police service’s trial of live facial recognition technology. Essex: University of Essex Repository, July, 2019; KUHLMANN, Simone. Government Use of Facial Recognition Technologies under European Law. In:
GATES, Kelly. The past perfect promise of facial recognition technology. ACDIS
Occasional Paper (2006). Disponível em: https://www.ideals.illinois.edu/items/40 Acesso em: 20/03/2025.
GENTILE, Giulia. Does Big Brother Exist? Facial Recognition Technology in the United Kingdom. In: The Cambridge Handbook of Facial Recognition in the Modern State. Org.: Rita Matulionyte and Monika Zalnieriute. Cambridge: Cambridge University Press, 2024.
HARCOURT, Bernard. On critical genealogy. Contemporary Political Theory, https://doi.org/10.1057/s41296-024-00715-y, 2024.
HARCOURT, Bernard. Contra-revolução: Como o governo entrou em guerra contra os próprios cidadãos. São Paulo: Glac Edições, 2021.
HERSHEL, William. The origin of Finger- Printing. Londres: Oxford University Press, 1916. Edição digital disponível em: https://galton.org/fingerprints/books/herschel/herschel-1916-origins-1up.pdf
ISRAEL, Carolina B. et al. Reconhecimento facial nas escolas públicas do Paraná. Curitiba, UFPR, 2023.
LIMA, Thallita. et al. Vigilância por lentes opacas: mapeamento da transparência e responsabilização nos projetos de reconhecimento facial no Brasil. Rio de Janeiro: CESeC, 2024.
MACHADO, Helena. Imaginários tecno-autoritários na América Latina: a contestação das tecnologias de reconhecimento facial. In: Sociologia, problemas e práticas, n. 107, 2025, p. 9-27.
MATULIONYTE, Rita; ZALNIERIUTE, Monika. The Cambridge Handbook of Facial Recognition in the Modern State. Cambridge: Cambridge University Press, 2024.
MOROZOV, Evgeny. La locura del solucionismo tecnológico. Traducido por Nancy Viviana Piñero. Buenos Aires: Katz Editores, 2016.
NUNES, Pablo; LIMA, Thallita G. L.; CRUZ, Thaís G. O sertão vai virar mar: expansão do reconhecimento facial na Bahia. Rio de Janeiro: CESeC, 2023.
NUNES, Pablo; LIMA, Thallita G. L.; RODRIGUES, Yasmin. Das planícies ao planalto: como Goiás influenciou a expansão do reconhecimento facial na segurança pública brasileira. Rio de Janeiro: CESeC, 2023.
O’NEIL, Cathy. Algoritmos de destruição em massa: como o big data aumenta a desigualdade e ameaça a democracia. Trad.: Rafael Abraham, 1ª Ed., Santo André, SP: Editora Rua do Sabão, 2020.
O Panóptico. Monitor de novas tecnologias na segurança pública do Brasil. Disponível em: https://www.opanoptico.com.br/#regioes. Acesso em 20.03.2025.
PASQUALE, Frank. The Black Box Society: The Secret Algorithms That Control Money and Information. Massachusetts: Harvard University Press, 2015.
PAZZONA, MATTEO; WHITE, Adam. Size matters: measuring the private security industry in the United Kingdom. In: Crime Prevention and Community Safety, 26 (3), 2024, pp. 333-346. Disponível em: https://doi.org/10.1057/s41300-024-00213-8
RIGAKOS, Georg S.. The New Parapolice: risk market and the commodified social control. Toronto: University of Toronto Press, 2002.
SELWYN, Neil; ANDREJEVIC, Mark; O’NEILL, Chris; GU, Xin; SMITH, Gavin. Facial Recognition Technology: Key Issues and Emerging Concerns.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Augusto Jobim do Amaral, Gabriel Saad Travassos, Samuel Medeiros Andreatta (Autor)

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.